Todas as pessoas, independentemente do seu sexo, estado civil ou idade, têm direito a uma sexualidade que as satisfaça não só em termos físicos como também emocionais.
Uma das ideias mais comuns na nossa sociedade é a de que as pessoas idosas não têm vida sexual. Esta ideia, bem como muitas outras sobre a sexualidade nesta fase da vida são falsas. Vejamos algumas delas:
Quando a pessoa envelhece o sexo faz mal à saúde.
Os idosos não têm condições físicas que lhes permitam ter uma actividade sexual.
Os idosos não têm interesses sexuais.
Estas ideias fazem com que, socialmente, não seja esperado que um idoso tenha o desejo de ter relações sexuais e ainda menos que demonstre esse desejo. Chega-se a considerar que é de mau gosto que os idosos assumam os seus interesses sexuais.
Por interiorizarem estas ideias, muitos idosos acabam também por pensar que, devido à sua idade, não têm mais o direito a uma vida sexual.
O envelhecimento não implica o desaparecimento da sexualidade. O que pode existir é uma evolução na maneira de estar e de viver a sexualidade. De facto, ocorrem algumas alterações, lentas e progressivas, no corpo dos homens e das mulheres a partir dos 40 anos de idade que podem afectar a sexualidade à medida que a idade avança. Referimos algumas:
Nas mulheres:
- A vagina diminui de tamanho, torna-se mais estreita e perde elasticidade.
- A lubrificação da vagina torna-se mais lenta e surge em menor quantidade.
- Diminui a intensidade e a frequência das contracções da zona pélvica durante o acto sexual.
Nos homens:
- Diminui a produção e emissão de esperma, embora nunca chegue a desaparecer por completo.
- A erecção é mais lenta, menos firme e necessita de mais estimulação.
- Reduz-se a intensidade das sensações do orgasmo.
- Dá-se um aumento do período refractário, ou seja, do tempo de recuperação necessário entre um orgasmo e o seguinte.
É importante notar que estas alterações não ocorrem nem na mesma altura nem da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo e, para alguns, estas mudanças não chegam a ser muito pronunciadas.
Também o modo como cada pessoa vive estas alterações é diferente. Algumas encaram-nas como naturais, enquanto que outras ficam alarmadas e preocupadas, pensando que vão deixar de poder ter relações sexuais.
Uma das razões pelas quais isto acontece é porque existe a ideia de que o sexo se reduz ao coito, ou seja, à penetração do pénis na vagina, o que é uma visão muito limitada da sexualidade. Existem muitas formas de dar e de ter prazer numa relação entre duas pessoas, que não apenas através do coito.
As carícias, os beijos, as massagens, a partilha de intimidade e de afectos são algumas de entre outras possibilidades de explorar o prazer sexual durante a velhice como, aliás, em qualquer outra idade.
A masturbação é também uma forma válida de ter prazer, que pode ser utilizada numa relação a dois, bem como (e principalmente) na ausência de um parceiro sexual.
Alguns tipos de doenças, como sejam a diabetes ou a esclerose múltipla, certos medicamentos, como sejam os utilizados para tratar doenças cardíacas ou para a hipertensão, e intervenções cirúrgicas na zona pélvica, podem provocar dificuldades sexuais.
Na mulher, com a menopausa, ocorrem algumas alterações fisiológicas e hormonais que podem igualmente afectar a actividade sexual.
Para melhor lidar com o impacto destas alterações sobre a sexualidade, nomeadamente no sentido de as minimizar, é de grande importância falar com um técnico de saúde. Além do médico de família, pode-se sempre consultar um ginecologista (para as mulheres), um andrologista (para os homens) ou um sexólogo (para ambos) a fim de obter ajuda para ultrapassar eventuais dificuldades sexuais que possa.
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