O sexo como acto por si só tem poucos ou nenhuns efeitos na performance competitiva. Não são as relações sexuais que prejudicam a performance, é a falta de sono, as noitadas ou, ironicamente, a própria procura de sexo. Está cientificamente comprovado que o tempo de repouso é essencial a uma boa performance desportiva. Por outro lado e devido à ausência de certezas científicas, a relação entre a abstinência sexual e o desporto de alta competição, é fonte de crendice e discussão.
À semelhança dos mitos criados em volta da sexualidade, muitos foram os argumentos utilizados, ao longo dos séculos, a fim de proibir as relações sexuais antes das competições. Para os gregos sémen era força e vida, devia ser preservado e não desperdiçado. Mais tarde, na época medieval, um herói devia ser abstinente, permanecer puro para conseguir vitórias; a ausência do prazer sexual despertava uma maior agressividade e consequentemente uma melhor performance desportiva.
Mais recentemente foram desenvolvidos alguns estudos relativamente à testosterona, hormona potencial do desempenho atlético, resistência e capacidade física. Sabe-se que os níveis da testosterona diminuem temporariamente após as relações sexuais. Mas será a actividade sexual assim tão corrosiva do equilíbrio calórico? Na realidade, a energia despendida não atinge elevados níveis calóricos e o sexo pode ser uma estratégia anti-stress, um meio de aliviar a pressão característica dos desportos de alta competição.
Estes são alguns dos aspectos físicos desta problemática sendo também necessário ter em consideração os aspectos psicológicos que variam consoante o atleta e a sua maneira de lidar com a própria sexualidade. Quando falamos de futebol ou de qualquer outra prática desportiva de equipa é importante pensar que as vésperas das competições são caracterizadas por uma rotina preparatória que visa fortalecer a unidade em torno da equipa. Se pensarmos exclusivamente na grandiosidade do mundo do futebol e do impacto do jogo e do negócio, conseguimos compreender a exigência de uma excelente forma competitiva a nível individual, mas também em termos de equipa.
Claro que se podem evitar exageros como obrigar contratualmente os jogadores à abstinência. Não se deve punir por lei a prática de um dos actos mais instintivos e naturais, mas também é preciso compreender e respeitar regras e limites. Tal como nos esforçamos por trabalhar em equipa, dividir tarefas, respeitar horários de trabalho, cumprir objectivos, horas de formação, assim como todos assumimos responsabilidades inerentes ao nosso trabalho - o mesmo se espera destes desportistas de alta competição.
A vida sexual faz parte da esfera do privado, da vida pessoal e da gestão que cada um faz dela. Limitar ou proibir será desresponsabilizar os atletas. O treinador terá um papel importante no aconselhamento, mas caberá ao atleta o bom senso na gestão do que é a sua vida privada e de que modo ela interfere na sua vida profissional.
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