Há já algum tempo que se ouve falar em sexo tântrico e nas supostas maravilhas sensoriais que provoca em quem o pratica. Mas, apesar de muito se debater o assunto, poucos são os que realmente sabem do que se trata. Se quiseres aprofundar os teus conhecimentos, não pares de ler!
Tantra é o nome dado aos antigos textos de tradição oral do período pré-clássico da Índia, isto é, de há mais de 5000 anos. Mais tarde, alguns desses textos foram escritos e tornaram-se livros ou escrituras secretas do hinduísmo.
Na época de origem do Tantra, a Índia era habitada pelos darvixes, cuja sociedade e cultura eram matriarcais, epicuristas e não repressoras. Por isso, passaram à história como um povo tântrico, já que essa filosofia é caracterizada principalmente por essas três qualidades.
O Tantra, o Sámkhya e o Ioga são três das mais antigas filosofias indianas e as suas origens remontam à Índia do período darvíxico. Talvez por isso tenham mais afinidades entre si do que cada uma delas com qualquer outra filosofia surgida posteriormente.
A proposta do Tantra é promover o autoconhecimento e evolução interior partindo do prazer. Ou seja, é uma exploração tão intensa do prazer físico que acaba por extrapolar os seus próprios limites, transbordando para um "orgasmo espiritual" ou estado de graça.
Confuso?
Não é assim tanto. Vamos por partes!
Para quem não está familiarizado com o acto em si, o sexo tântrico pode soar a algo como "tortura". Afinal, o pouco que se diz sobre o assunto é que é uma espécie de processo de prolongamento do acto sexual sem que haja necessidade de se atingir o orgasmo.
Então por que razão terá tantos adeptos?
Porque o sexo tântrico não é apenas isso. No fundo, essa é só uma pequena parte de uma filosofia muito mais abrangente, que requer uma mudança profunda no modo de vida e na forma de encarar o sexo.
Tantra significa "instrumento de expansão". É um processo que deve ocorrer nos planos mental, espiritual e físico. O objectivo é atingir a realização pessoal e espiritual. E o sexo entra como um ritual sagrado de troca de energia.
Mas como é possível misturar-se sexo e espiritualidade na mesma história?, poderás perguntar…
Bem, temos de compreender que esta forma pudica de encarar a sexualidade é algo característico do mundo ocidental. Basta recordar que o "livro dos livros" sobre sexualidade (o Kama Sutra) foi escrito no século IV pelo nobre hindu Vatsyayana.
Mas para que haja esse envolvimento espiritual no acto sexual, o Tantra defende que é preciso haver uma entrega total, com total confiança no parceiro. É também verdade que as pessoas envolvidas têm de ter uma atitude especial, pois é requerida uma grande sensibilidade e sentido de requinte para assimilar os segredos do Tantra. É mesmo necessário que os candidatos a atingir semelhantes níveis de prazer vejam a sexualidade como uma arte.
Afirma-se ainda que quem se queira dedicar à prática do sexo tântrico terá de deixar para trás os denominados "pecados tântricos": o ciúme e a possessividade.
Isto porque a filosofia do Tantra ensina que o corpo é um templo, o sexo é sagrado e não existem fronteiras entre corpo e espírito.
A relação tântrica começa com um ritual de preparação do ambiente e longos preliminares. Como o orgasmo não é a meta, o Tantra ajuda a combater a ansiedade, eliminando os objectivos tradicionalmente imediatos do acto sexual e convida os amantes a abandonarem-se ao encontro, a entregarem-se e manterem-se completamente presentes, com os sentidos e a atenção despertos.
Mas, para chegar ao nirvana é necessário que o homem não ejacule e que a mulher retarde o orgasmo. Nem todos os que tentam conseguem, pois isso exige níveis de concentração e autocontrolo, que podem ser atingidos através de preparação física e espiritual.
Os praticantes são aconselhados a seguir uma alimentação equilibrada, a não beber e a não fumar - a saúde do corpo está intimamente ligada ao desenvolvimento do espírito. Os adeptos reaprendem a respirar, a alinhar a postura e a aumentar a capacidade de concentração.
Depois basta deixar a energia pulsar de baixo para cima e não no sentido contrário. Ou seja, muitos casais, quando estão em pleno acto sexual, utilizam fantasias para se estimularem e deixam que a energia da mente flua para a zona pélvica. Mas, com o Tantra, passa-se o contrário.
É o próprio acto em si que deverá enviar energias sexuais para o corpo todo, convertendo-o num pólo de sensibilidade. Assim, qualquer parte do corpo sentirá prazer como se fosse um extenso órgão sexual que cobrisse toda a amplitude do corpo e da mente.
Nesse estado, basta um toque na pele, um beijo ou a sensação da respiração do parceiro para desencadear experiências sensoriais e de envolvimento inimagináveis.
E é disto que se fala quando se menciona o factor longevidade do acto sexual através das técnicas do Tantra.
Mas, como já percebeste, “ser tântrico” exige sinceridade, honestidade, desprendimento. Não é apenas mais uma posição do Kama Sutra.
É uma filosofia de vida!
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